Aparelhos Eletrônicos

 

Celulares Xing-Ling: o que são e por que não comprá-los

Na China, são montados iPhones e diversos modelos de celulares e smartphones. As operadoras lançam telefones pensados exclusivamente para o perfil do usuário chinês e suas cópias como Diesel, Hiphone, Eyo e Meizu, os famosos celulares ching-lings ou xing-lings, mobilizam uma grande indústria informal, com celulares com 2,3 ou 4 chips, com TV, Android, GPS etc, e lucram muito no mercado brasileiro.

O problema disso é que, seja pela falta de experiência ou pelo preço sedutor - muito abaixo dos modelos originais -, os celulares “Xing-Ling” já fazem parte da história do consumidor brasileiro de tecnologia. Todos nós, em algum momento, já tivemos ao menos um contato com um telefone parecido com iPhone, mas com sintonizador de TV, câmera “de 12 megapixels” (mas com uma qualidade de câmera VGA) e rádio FM - itens que nem o iPhone original possui.

Obviamente, com tantos recursos 'melhores' que o aparelho original, muitos leitores do TechTudo são ou já estiveram interessados em economizar algum dinheiro comprando um desses modelos alternativos. Mas para auxiliar aqueles que ainda estão na dúvida, esse texto vai mostrar para você por que não se deve comprar um celular “xing-ling”. As vantagens estão mais ou menos explícitas (preço baixo, mais funções, etc), mas vamos destacar os principais problemas que esse tipo de aquisição pode lhe oferecer no futuro.

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Celulares Made in China (Foto: Arte)

Introdução: o que é um celular “xing-ling”?

É muito raro encontrar no mundo da tecnologia algo que seja realmente bom e barato. Muito se investe no desenvolvimento de novos recursos e funções, e isso acaba refletindo no bolso do consumidor - brasileiro ou não. Por outro lado, nem todo usuário de tecnologia entende que a compra de um produto, em muitos casos, é um investimento. Por isso, acabam optando por soluções “alternativas” que satisfaçam, por algum tempo, os anseios por recursos mais modernos.

É aí que o celular “xing-ling” encontra sua fatia de mercado. O nome veio de uma brincadeira feita entre os consumidores brasileiros das grandes cidades, que só encontravam esses modelos alternativos nas bancas de comércio popular e galerias de lojas de eletrônicos, normalmente comandados por chineses. A associação dos produtos Made in China com a expressão usada para designar esses produtos foi imediata, e caiu rapidamente no gosto popular.

Mas… o que qualifica um celular como “xing-ling”?

Primeiro, e o mais óbvio: ele precisa vir da China ou de algum outro país asiático. Obviamente isso não é o bastante, já que alguns dos principais lançamentos do mercado mobile saem de lá (Samsung e LG, por exemplo, são sul-coreanas).

Com isso, o segundo item para determinar se um produto é “xing-ling” ou não depende da sua fabricante. Certamente, ele não foi produzido por nenhuma grande marca de tecnologia. Na verdade, muito provavelmente ele virá de algum fabricante alternativo, de que certamente você nunca ouviu falar. Talvez, ainda, de marcas com nomes parecidos com as mais famosas, como a "Vaic" (semelhança com a linha Vaio, da Sony).

A terceira exigência é que ele será muito parecido (para não dizer igual) ao modelo de uma grande empresa. Nokia, Apple, Samsung, LG, Motorola… não importa a marca. Se ela for mundialmente famosa, os fabricantes de telefones “xing-ling” certamente copiarão seu design, a interface do sistema operacional, e tudo mais que seja possível aproximá-lo do produto original. Até podemos ter modelos que se destacam por um tamanho menor, mas também entram na categoria de produtos copiados.

O último critério que qualifica um celular como “xing-ling” é a gama de recursos - mas não os recursos colocados de forma pensada no aparelho. Os fabricantes dos modelos alternativos colocam o maior número de funções possíveis, sem muitos critérios, prometendo mundos e fundos ao usuário...

...ou, pelo menos, é isso o que o vendedor vai prometer para você na hora da venda.

Por que não comprar um “xing-ling”?

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Hi-Phone 3G (Fonte: Divulgação)

Alguns leitores podem achar que os “xing-lings” são a salvação da lavoura, e já estão riscando a compra do próximo smartphone “top” de sua lista de desejos. Recomendamos, antes de você realizar a compra, que leia com atenção os motivos pelos quais NÃO recomendamos a compra dos telefones alternativos. Em linhas gerais, apresentamos pontos importantes onde, de forma destacada, os “xing-lings” apresentam desvantagens que, no futuro, podem representar sérias dores de cabeça ao consumidor.

1. Material de baixa qualidade

Para deixar o produto mais barato, os fabricantes utilizam peças baratas e de baixa qualidade durante o processo de fabricação. Na parte externa, por exemplo, são usadas tampas cujas linguetas conectoras quebram com facilidade, telas com baixa sensibilidade ao toque, teclas e botões que se gastam e quebram mais rapidamente, dentre outras características. Quanto aos componentes internos, apesar de as peças serem originadas dos mesmos fornecedores dos grandes smartphones do mercado, muitos componentes usados são peças recondicionadas e de segunda linha.

2. Interface de usuário que deixa a desejar

Nem só de recursos vive um bom smartphone. Nos últimos anos, a interface do usuário foi muito valorizada, e precisa ser visualmente atraente e bem funcional para oferecer uma experiência completa ao usuário. Nesse quesito, os celulares “xing-ling”, de um modo geral, apelam para sistemas operacionais simples, que, em alguns casos, não estão nem no nosso idioma, ou simplesmente não são atraentes ou funcionais. Desses, há até modelos com português de Portugal misturado com chinês (principalmente nos menus de configuração).

É claro que existem as exceções, mas a maioria dos modelos alternativos do mercado não chegam perto de ter a mesma beleza e funcionalidade que sistemas como iOS, Android, WebOS, Windows Phone e Symbian oferecem.

3. Muitos recursos, pouca funcionalidade.

De que adianta o seu celular fazer quase tudo se essas várias funções não funcionam do jeito que você quer e na hora que você precisa? É fácil se deparar com telefones deste tipo com TVs, rádio FM, quatro slots para chips SIM, emulador de jogos de Super Nintendo, comando de voz e outras maravilhas que, na prática, nunca funcionam como prometido. A TV tem uma péssima qualidade de imagem e baixa recepção, os chips SIM não funcionam simultaneamente, os jogos travam o tempo todo, o comando de voz não te entende… e todas essas falhas combinadas só te trarão aborrecimentos.

4. Você não tem garantia de nada. Literalmente.

Comprar um celular “xing-ling” é uma aposta de risco. Você pode dar a sorte de ter um aparelho onde tudo funcionará como esperado durante anos, sem resultar em nenhum tipo de problema. Mas as chances de o telefone simplesmente parar de funcionar do nada, e você ficar a ver navios, sem ter a quem recorrer, são enormes.

Normalmente a garantia desses aparelhos é zero, ou, na melhor das hipóteses, dos próprios lojistas, que também não oferecem garantias muito longas. Quando algum problema acontecer, ou você terá que contar com a boa vontade do “amigo do lojista que conserta qualquer coisa”, ou esperará uma viagem de ida e (talvez) volta para a China. Provavelmente nenhuma das opções resolverá o seu problema (ou ainda trarão novos defeitos).

5. Nesse caso, o barato pode sair muito caro.

Complementando o item anterior, lembramos que, além do prejuízo financeiro de ficar sem o telefone em pleno funcionamento, você poderá ter o prejuízo emocional de ficar sempre estressado com um produto que não funciona. É de conhecimento geral que o mercado brasileiro está longe de ser o ideal, e que um bom smartphone custa caro. Mas optar por um "xing-ling" que nem chegou a ser homologado pela Anatel, acabará com toda e qualquer possibilidade de você, ao menos, tentar reaver esse dinheiro na justiça ou com a própria empresa. Logo, recomendamos que você seja prudente, e que opte por economizar mais um tempo até conseguir reunir um valor razoável para comprar um modelo de qualidade.

Considerações finais

Se depois desses argumentos você ainda considerar a compra de um celular “xing-ling”, a única coisa que podemos dizer é: “faça por sua conta e risco”. Nossa função é alertar sobre os riscos que você corre, e não dizer o que o usuário deve ou não comprar. O mercado é livre para diversos tipos de produtos, e os celulares “xing-ling” se tornaram uma opção interessante para aqueles que não podem (ou querem) comprar um iPhone ou um Galaxy S. A diferença é que, agora, você está ciente dos riscos que corre ao adquirir um produto dessa procedência.

 

Fonte: http://www.techtudo.com.br

Celulares Xing-Ling: o que sao e por que nao compra-los